Em meio a uma crescente crise de representatividade, o Congresso Nacional aparece como o Poder mais desacreditado entre os brasileiros. Pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (5) revela que 78% da população acredita que deputados e senadores atuam prioritariamente para defender seus próprios interesses, e não os da sociedade.
O levantamento, realizado nos dias 29 e 30 de julho com 2.004 pessoas em 130 municípios, mostra ainda que apenas 18% consideram que os parlamentares trabalham pelo bem da população. Outros 3% não souberam opinar. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
A avaliação negativa não para por aí. Segundo o mesmo estudo, 35% dos brasileiros classificam o trabalho do Congresso como “ruim” ou “péssimo”, um aumento expressivo em relação aos 23% registrados em março de 2024, quando os parlamentares haviam alcançado sua melhor avaliação desde 2003. A proporção dos que avaliam o desempenho como “regular” caiu de 53% para 41%, enquanto os que consideram “ótimo” ou “bom” também recuaram, de 22% para 18%.
O levantamento também traçou um paralelo entre os três Poderes da República. A percepção de que os integrantes do Judiciário e do Executivo também priorizam seus próprios interesses é alta, mas ainda inferior à do Congresso: 68% veem essa postura na Justiça brasileira, e 59% no presidente da República. Já a crença de que trabalham pelos interesses do povo é de 27% para o Judiciário e 38% para o Executivo, ambas acima dos 18% atribuídos ao Legislativo.
Resumo das percepções:
Instituição | Trabalha por interesses próprios | Trabalha pelo povo |
---|---|---|
Congresso Nacional | 78% | 18% |
Justiça brasileira | 68% | 27% |
Presidente da República | 59% | 38% |
Esses números reforçam o divórcio crescente entre a sociedade e suas instituições políticas, especialmente o Parlamento, cuja imagem pública está atrelada a escândalos, manobras legislativas de autoproteção e uma agenda cada vez mais distante das urgências sociais.
O discurso de que o Congresso é a "casa do povo" parece, mais do que nunca, uma formalidade protocolar esvaziada de conteúdo. Para a maioria dos brasileiros, os representantes eleitos não falam por eles, falam por si.