Um novo escândalo ronda a Câmara Municipal de Palmas. Denúncias divulgadas por veículos de imprensa locais apontam que parte dos recursos reservados para a divulgação das atividades dos vereadores pode ter sido desviada por meio de contratações fictícias de publicidade.
A manobra envolveria a criação de sites sem conteúdo jornalístico, sem equipe de redação e sem audiência real, usados apenas para emitir notas fiscais que justificassem despesas da Cota de Despesa de Atividade Parlamentar (Codap).
De acordo com relatos ouvidos nos bastidores, assessores parlamentares estariam à frente do esquema. Eles registrariam páginas na internet apresentadas como veículos de notícias. Após receberem pagamentos da Câmara, os responsáveis pelos sites devolveriam a maior parte do valor aos gabinetes, ficando apenas com uma fração simbólica.
Na prática, verbas que deveriam ser aplicadas em transparência e comunicação com a sociedade estariam sendo desviadas para fins particulares.
Cada vereador tem direito a quase R$ 300 mil anuais para cobrir despesas do mandato, incluindo ações de divulgação. Entre janeiro e setembro, já foram pagos mais de R$ 5,1 milhões via Codap, de um total previsto de R$ 6,5 milhões para este ano.
Apesar dos altos números, o Portal da Transparência da Câmara não apresenta informações detalhadas sobre os beneficiários dos contratos, o que amplia as dúvidas em torno da aplicação dos recursos.
Especialistas ouvidos destacam que, se confirmadas, as práticas podem se enquadrar em peculato, improbidade administrativa, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa. O modelo se assemelha ao da conhecida “rachadinha”, mas com a diferença de que o instrumento seria a publicidade contratada em páginas fantasmas.
Até o momento, não há registros de apurações formais por parte do Ministério Público, da Polícia Civil ou do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Questionada, a Câmara ainda não se manifestou sobre as denúncias nem explicou os mecanismos de fiscalização da Codap.
O episódio também traz reflexos preocupantes para o jornalismo. A multiplicação de sites artificiais, criados apenas para escoar recursos públicos, acaba confundindo a população e enfraquecendo os veículos sérios que exercem de fato a função de informar.
Nesse cenário, a credibilidade da imprensa local é colocada em xeque, e a própria democracia se vê ameaçada pela mistura entre informação legítima e páginas criadas para encobrir desvio de dinheiro público.